Perspectivas para a participação da cadeia produtiva brasileira no mundo foram debatidas em evento realizado nesta quarta-feira (7)
O aumento da demanda em países emergentes e a busca crescente por biossegurança tem criado um cenário cada vez mais favorável para o Brasil. Essa foi uma das principais tendências apresentadas no painel com líderes setoriais estrangeiros realizado nesta quarta-feira (7) no Salão Internacional de Proteína Animal (SIAVS), evento que ocorre em São Paulo/SP até amanhã.
Três dos maiores especialistas do setor no mundo estiveram reunidos para tratar do tema: o italiano Nicolò Cinotti, secretário-geral da International Poultry Council (IPC), a chinesa Yu Lu, vice-presidente da câmara de comércio da China (CFNA) e o norte-americano Greg Tyler, presidente da USA Poultry and Egg Export Council (USAPEEC).
Cinotti apresentou uma projeção de crescimento de consumo de carne de aves no mundo de 16% até 2033. Segundo ele, quase 80% dessa demanda virá de países de renda média, como o Brasil, que é líder global de exportações no segmento e tem aumentado progressivamente no mercado, junto com a China e a Tailândia, enquanto os Estados Unidos estagnaram. “O futuro das carnes de aves para países como o Brasil é brilhante”, resumiu.
“Nós queremos carne”, diz dirigente setorial chinesa
Outra boa perspectiva para a proteína animal brasileira vem da China. O país — que já é o principal destino das embarcações nacionais de frango e suínos — apresenta demanda crescente, sobretudo por produtos orgânicos. “Alguns estudos mostram que muitos consumidores chineses estão dispostos a pagar de duas até três vezes mais por produtos saudáveis, seguros e sustentáveis”, explicou Yu Lu. “A mensagem é: nós queremos carne. E o Brasil tem um potencial muito grande de expandir esse mercado conosco”, completou.
Já os Estados Unidos, líderes mundiais na produção avícola, com 17% do mercado, — seguido por Brasil (12%) e China (11,5%) — têm visto o Brasil ascender no cenário global impulsionado por questões como a biossegurança. “Antes o Brasil olhava para os EUA e agora nós olhamos para o Brasil para ver o que vocês estão fazendo”, brincou o presidente da USAPEEC, destacando a liderança brasileira em exportações de frango, de 34,4% contra 25,8% dos norte-americanos.
Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade organizadora do SIAVS, esse tipo de troca entre os países é fundamental para a construção de uma cadeia global cada vez mais forte. “Às vezes somos competidores, mas acima de tudo somos amigos e estamos comprometidos em trabalhar juntos para criar um futuro cada vez melhor, levando mais sanidade e segurança alimentar para o mundo”, avaliou.
Aquicultura em ascensão
O futuro das proteínas também foi tema de um debate entre líderes empresariais brasileiros que atuam no setor. Com espaço dedicado para apresentação de resultados e perspectivas de empresas, o evento contou com a participação de Mario Cutait, do Grupo MCassab; José Roberto Goulart, da Alibem Alimentos; João Sampaio, da Minerva Foods; Fábio Stumpf, da BRF; e José Antônio Ribas Junior, da Seara.
Um dos destaques do painel foi a perspectiva de crescimento e consolidação da cadeia nacional de pescados. Impulsionado pela produção de tilápia, o Brasil produz hoje 900 mil toneladas da proteína por ano.
A bovinocultura também teve espaço. Para João Sampaio, o setor tende a perder área e a ganhar volume no Brasil, a partir de um trabalho forte que vem fazendo com melhoramento genético, nutrição e manejo. O empresário citou ainda o desgaste do país com a União Europeia devido às barreiras comerciais e exigências impostas para os produtos de exportação, o que tem afastado o Brasil deste mercado. Segundo ele, em vez de representar um problema, essa é uma oportunidade para o setor de proteína animal brasileiro.
O SIAVS acontece no Distrito Anhembi, na capital paulista, nos dias 6, 7 e 8 de agosto. Para conferir a programação completa do evento, acesse o site www.siavs.com.br